21 de out. de 2015

O HOMEM

Episódio 3


Fazia tempo que o homem não aparecia na sala de jogos. Todo mundo, ou quase, ia para lá depois do almoço. Mas, como você bem sabe, o homem não era todo mundo. Se bem que naquele momento não passava de mais um pobre, na plenitude da palavra, infeliz.

Coitado, pobre coitado! Mal entrou já tomou uma bolada na cabeça advinda da mesa de ping pong, fruto de um poderoso corte diagonal, movimento preciso e precioso de Lovatto que, com a raquete na boca, dançava comemorando o ponto como se tivesse vencido Sampras na final de Winbledon... Sujeitinho desprezível... Malditos caras do TI!

Love, como gostava de ser chamado, acenou num gesto de desculpas por quase arrancar o nariz e o pouco de dignidade que ainda restava ao homem. Ele, o homem, sorriu seu sincero e amarelo sorriso e acenou de volta. Mas, ao erguer o braço, derramou seu café.

É, por hoje tá bom, melhor voltar para o setor.

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“O homem” são crônicas de mão esquerda e “crônicas de mão esquerda” são textos escritos à luz da inspiração do momento, sem grandes pretensões poéticas e preocupações ortográficas. Tudo feito a lápis e com a mão esquerda. Para treinar o outro lado do cérebro, sabe?
No entanto, se você for canhoto, essa maravilhosa terapia alternativa não pode ser praticada por você. Nesse caso, consulte sobre as “crônicas de mão direita” plenamente desaconselháveis para os destros.

Boa leitura.

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